sábado, 18 de agosto de 2012

Congado - Vivo na cultura do povo mineiro

É chegada a hora de um vereador se preocupar realmente com a tradição cultural dos congadeiros:
bh devia ser bem melhor e será!!!! Gonzaguinha vereador 13123
 
 
A SE PRESERVAR
Comunidade dos Arturos pode se tornar patrimônio imaterial de Minas Gerais
Priscila Brito

FOTO: LEO FONTES
Religião. Manoel dos Reis, Rei Perpétuo, reforça que congado não é folclore, mas uma manifestação religiosa
Data de 1711 os primeiros registros do congado em Minas Gerais. Três séculos depois, em 2012, a Comunidade dos Arturos, uma das mais longevas representantes da manifestação, pode se tornar patrimônio imaterial do Estado e o Festejo do Tambor Mineiro, que reúne nas ruas, em único dia, inúmeras guardas da cidade, completa dez anos. A distância que separa estes dois pontos no tempo demonstra a força do congado mineiro e, ao mesmo tempo, o longo caminho percorrido para ganhar reconhecimento fora de seu círculo de origem, num processo ainda em curso.
Com aproximadamente 4.000 guardas em todo o seu território, Minas tem a maior concentração de congadeiros do país, segundo a Federação dos Congados do Estado. Mas a expressividade ainda divide espaço com desconhecimento e preconceito, constatação unânime entre os entrevistados pela reportagem. “Tem a questão do preconceito porque a maioria do povo é negra. E nós não somos uma manifestação folclórica, nós somos uma instituição religiosa”, diz o presidente da federação e Rei Perpétuo Manoel Fonseca dos Reis.

Para o percussionista mineiro Djalma Corrêa, ainda falta consciência sobre o peso dessas tradições em Minas que, segundo ele, é o estado brasileiro com maior herança negra. “Minas conseguiu, de certa forma, justamente por ter essa posição geográfica mais centralizada, manter essas tradições de uma maneira muito fiel, seja nas congadas, no candombe ou nas formas locais do candomblé. Mas falta mais consciência, sem dúvida. Isso deveria ser mais trabalhado, divulgado e privilegiado”, defende. 

Desejosa de um reconhecimento formal quanto às suas tradições, a própria Comunidade dos Arturos solicitou à prefeitura de Contagem e ao Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) seu registro como patrimônio imaterial do município e do Estado. “Hoje, no país em que vivemos, o que vale e o que prevalece é a formalidade e o documento. Com isso, a gente espera ter mais argumentos para nos inserir em projetos e leis de incentivo e outros meios que tragam benefícios para nossa comunidade”, explica Jorge Antônio dos Santos, diretor social da comunidade e Capitão da Guarda de Moçambique. A decisão final sobre a aprovação do registro virá após a conclusão do inventário cultural dos Arturos, que deve ser concluído dentro de um ano e meio.
 
De geração em geração
O foco está também em garantir a passagem do bastão de uma geração a outra, mesmo movimento que permitiu que os Arturos atravessassem quatro gerações. Hoje, a comunidade soma 110 famílias e população de mais ou menos 480 pessoas. “A gente tem hoje uma grande preocupação em relação à manutenção dos jovens dentro das tradições que a comunidade preserva. A gente quer que eles tenham acesso à modernidade e tecnologia, mas que eles nunca se esqueçam que são arturos. Temos a intenção também de criar o nosso centro de memória”, diz Jorge. 

Fora de seus limites de origem, a ponte com a sociedade vem por meio da música mineira, que firma o diálogo com a tradição musical. “'Música afro-mineira' é um termo que está ganhando força e que nomeia esse tipo de música que tem elementos do congado mineiro. Eu venho de uma geração de músicos que tem se ocupado de assumir influências do congado mineiro”, afirma a cantora Titane, congadeira de Oliveira, ligada à Guarda de Catupé, e que desde o início da carreira, nos anos 1980, leva o congado para dentro de sua obra. Titane percebe um processo de resgate e valorização da sonoridade percussiva na virada do século que contribuiu para ampliar hoje a lista de músicos locais que trabalham com essa linguagem. “Agora a gente já tem circulando por aí uma quantidade significativa de músicos com esse caráter. Alguns autores fundamentais, o Sérgio Santos, o Yuri Popoff, o Vander Lee, o Sérgio Pererê e o Tambolelê”, enumera.
 
 

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